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Mirandesa

ORIGEM E HISTÓRIA | DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA | PADRÃO DA RAÇA | CARACTERES MORFOLÓGICOS | CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E REPRODUTIVAS | CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA | SISTEMAS DE PRODUÇÃO | PRODUTOS DE INTERESSE | AGRUPAMENTOS DE PRODUTORES | SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVA | ROTA DA RAÇA E DOS SEUS PRODUTOS | SITES SOBRE A RAÇA | BIBLIOGRAFIA |

 

mirandesa1Espécie: Bovinos

Classificação Oficial: Autóctone       

Risco de extinção:  Ameaçada

Nome:  Mirandesa

Entidade Gestora do Livro Genealógico:  
Associação dos Criadores de Bovinos 
de Raça Mirandesa
Posto Zootécnico de Miranda do Douro
5210-150 MALHADAS
Tel. 273 43 81 20
Fax: 273 43 81 21
E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Sítio: www.mirandesa.pt

 

Censos: 2020

Nº fêmeas: 5088
Nº Machos: 230
Nº Explorações: 363

Secretário Técnico: Dr. Valter Raposo

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ORIGEM E HISTÓRIA

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Não está ainda clara a origem remota dos bovinos de raça mirandesa, havendo autores que defendem ser um descendente direto do Bos taurus primigenius, outros que defendem como ancestral o Bos taurus brachicerus e outros ainda que advogam ser “a população de bovinos de raça mirandesa um núcleo fortemente heterogéneo quanto à sua origem, por resultar do cruzamento do tronco Bos taurus brachicerus com o tronco Bos taurus primigenius, podendo ainda hoje verificar-se esta diversidade feno-genotípica”. .

"A Mirandesa, e por afinidade genética a Arouquesa, pertenceriam ao tronco étnico Castanho Côncavo, formado a partir do Bos taurus brachycerus, desenvolvido na Europa Central, de onde se expande para a Península Ibérica já como domesticado”.

O Tronco étnico castanho côncavo da Península Ibérica estaria então representado por um conjunto importante de raças em Espanha, e “em Portugal integraria as raças Mirandesa, Arouquesa e Marinhoa”.

Esta perspetiva mais recente, baseada em investigação científica com recurso a meios mais fiáveis, parece permitir colocar de parte aquela tese bastante simplista defendida por Tierno (1904), que advogava a existência de dois grandes agrupamentos étnicos de bovinos na Península Ibérica: um a sul – raça fulva das estepes meridionais, e outro a norte – raça fusca do planalto superior castelhano, irradiando do terciário lacustre de salamanca, que povoaria em Portugal toda a Zona a Norte do Tejo exceto Minho e Douro Litoral, sendo um dos ramos desse grande agrupamento, a raça bovina mirandesa.

O nome de “raça bovina mirandesa” deve-se à toponímia de Miranda do Douro (ou Terras de Miranda – o centro de irradiação da raça para outras regiões). Do ponto de vista do enquadramento étnico, a raça é incluída no grupo morfológico - braquicéfala, eumétrica, de perfil reto e longilínea. È ainda uma raça do “tipo respiratório”, com predomínio relativo do tórax sobre o abdómen. Este biótipo é sustentado por vários autores, que assim confirmam a evidência empírica da sua dupla aptidão – trabalho e produção de carne. “O IT (índice torácico) da raça insere-a no grupo dos bovinos do tipo respiratório e aptidão para a tração e confirma o tipo longilíneo”.

 

Fig2

Considerando a análise da história recente, nomeadamente números apresentados e considerações feitas por eminentes zootecnistas, relativas aos séculos XIX e XX, não temos pejo em afirmar que ao falar da raça bovina mirandesa, estamos a dissertar acerca da mais prestigiada e mais populosa raça bovina de Portugal, reportando à época. Assim foi porque além de haver um equilíbrio da raça com o seu habitat (como existe com a generalidade das raças autóctones), as suas capacidades intrínsecas levaram a que irradiasse desde terras de Miranda até á província Alentejana, passando pelas Beiras, Estremadura e praticamente todo o território Nacional. Em 1970 haveria, no Território Nacional, um efetivo de cerca de 240.000 bovinos da raça. No solar havia, em 1972, 33.471 animais, segundo Leitão (1981).

Essas capacidades intrínsecas, para além da elevada rusticidade, já invocada, foram, e são;

  • a) A sua excecional capacidade de tração, traduzida na possibilidade de produzir trabalho, em potência e em resistência, superando qualquer outra raça do País, razão pela qual chegou ao Alentejo;
  • b) A sua capacidade de produção de carne, em quantidade, e principalmente em qualidade.

Estas duas valências e potencialidades da raça – dinamófora e creatopoiética, foram reconhecidas por vários autores e estamos em crer que foi a complementaridade entre elas que levou a uma tal expansão da mesma, por tão vasto território. “Foi outrora a raça bovina mirandesa, a raça autóctone de maior expressão a nível nacional, estando dispersa por praticamente todo o País, representando cerca de 25% do efetivo bovino nacional” . “O grupo étnico bovino conhecido pelo nome de – raça bovina mirandesa – é de todos os que existem em Portugal um dos mais importantes, o mais numeroso e o que mais espalhado está pelo país, mercê das suas tão apreciadas qualidades”.

A Morfologia do bovino mirandês sofreu alterações, evoluindo ao longo do tempo. Algumas alterações foram indubitavelmente produto da adaptação natural ao meio, pela seleção natural. “a passagem de um regime de manadio para o de estabulação completa, ou de meia estabulação pelo menos, e os cuidados meticulosos de que se tornou alvo por parte do criador, amansaram-lhe a bravura do génio, provocaram a despigmentação da pele e deram ao seu tipo arquitetural uma acentuada elegância”. Outras modificações resultaram da seleção artificial feita pelos criadores, para satisfação de gostos próprios e sobretudo para obter animais correspondendo ao padrão convencional exigido pelo mercado.

Foi assim, e também partindo de uma variabilidade geno-fenotípica inicial, que no decurso do processo de expansão da raça, do solar para o resto do País, se chegou, pelo que nos é dado conhecer, nos séculos XIX e XX, a tipos morfológicos algo distintos, que alguns autores classificaram como sub-raças da Mirandesa. A Mirandesa propriamente dita, padrão selecionado nas Terras de Miranda, estaria mais ou menos confinada aos Concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso; a Bragancesa, mais escura de pelagem, mais encorpada e melhor produtora de leite, seria criada e explorada nos Concelhos de Bragança e Vinhais, com clima de maior pluviosidade e terras de melhores pastagens (o estagiário José Quintela, em 1996, no seu trabalho de fim de curso, comprovou cientificamente, entre outros aspetos, a maior quantidade e melhor qualidade das pastagens de Bragança e Vinhais, relativamente às do Planalto Mirandês); e por fim, a Beiroa, criada nas Províncias das Beiras e Distritos circunvizinhos, que apresentaria uma cabeça mais comprida e estreita e uma pelagem mais clara, chegando a um amarelo-palha. Nesta sub-raça (Beiroa) “existem diversas variedades, a saber: a serrana, a do campo, a marinhã, a malcatanha e a jarmelista”. Tierno (1904), bem como Leitão (1981) consideraram a jarmelista como um grupo étnico independente. O que poderá ter acontecido entretanto, não se sabe com segurança, havendo quem considere que essa raça jarmelista original tenha sido objeto de extinção. Como sabemos, a jarmelista é hoje uma raça bovina Portuguesa, reconhecida oficialmente, o que respeitamos na íntegra.

Pensamos que a existência de concursos pecuários, que se realizam em Miranda do Douro, regularmente, desde início do século XX, a maior facilidade de transporte e comércio de animais e, principalmente, o trabalho de melhoramento desenvolvido pelos serviços do Posto Zootécnico de Miranda do Douro, contribuiu para o progressivo esbater da diferenciação morfológica entre os animais da raça, de região para região, inicialmente no seu solar e mais tarde no resto do país.

A criação do Posto Zootécnico, valioso património fundado em 1911, por Decreto do Governo, a solicitação da Câmara Municipal de Miranda, que cedeu os terrenos, com a área de 50 ha, na Freguesia de Malhadas, é um dos capítulos mais belos e marcantes da história da raça mirandesa; foi organizado e entrou em funcionamento em 1913 e entre os objetivos destaca-se, naturalmente, o de melhorar, por seleção, a raça bovina mirandesa. Foi nessa altura que se iniciou o Registo Zootécnico da Raça Bovina Mirandesa, nas aldeias vizinhas do “Posto de Malhadas”, trabalho que, pelos seus frutos, concorreu para a formal instituição do Livro Genealógico dos bovinos de raça mirandesa, no ano de 1959, através da Portaria nº 17.132, de 22 de Abril.

Devido essencialmente a dois fatores – mecanização da Agricultura e introdução de raças exóticas superiores nas suas performances produtivas, a raça começou a regredir na década de 70, em número e área de dispersão, ficando praticamente confinada, no início dos anos 90, a um pequeno núcleo, no seu solar. Em 1994 havia cerca de 5300 animais adultos no conjunto dos 6 Concelhos da área do solar. Fora do solar havia (conhecidos) três grandes rebanhos no Alentejo e alguns animais espalhados pelos Concelhos de Condeixa, Guarda e Viseu. Não andaremos longe da realidade afirmando que em 1994 havia, no Continente, cerca de 6000 animais adultos de Raça Bovina Mirandesa.

A evolução recente da raça (de 1995 a 2013) é curiosa; por um lado foi diminuindo o efetivo na área do solar (hoje com 3814 animais inscritos no LGA) e aumentando fora do mesmo (hoje com 1588 animais inscritos no LGA), sobretudo no Alentejo e Beiras; por outro lado, pela nossa observação pessoal, já na década de 90 não eram manifestos sinais morfológicos das sub-raças que terão existido, à exceção da pelagem mais escura da dita bragancesa. Atualmente, passados menos de 20 anos, já nem essa peculiaridade é dada a observar. Estamos em crer que a facilidade de transporte, aliada à frequência crescente dos concursos pecuários, generalizados na década de 80 aos restantes Concelhos do solar, onde os criadores interiorizam qual o tipo padrão mais valorizado, fez com que, persistindo embora, na região do solar, heterogeneidade morfológica, ela seja transversal aos 6 Concelhos, não havendo diferenciação por região. Quanto ao resto do país, o cenário é o mesmo, e julgamos que pelos mesmos fatores causais. Para memória futura, ainda que possa ter pouca importância em termos de evolução da raça, relevamos a existência dum rebanho, de mais de 300 fêmeas adultas, no Concelho de Mora, do Criador João Lopes Aleixo, que através da seleção ao longo de 3 gerações familiares, incorporando apenas genes de touros adquiridos no solar da raça, conseguiu fixar caracteres de conformação que fazem daquele o único rebanho praticamente homogéneo no que concerne à boa conformação e linha de dorso, lombo e garupa. Ao efetivo base, de cerca de 40 fêmeas adultas, já dotadas de uma boa capacidade leiteira, foi dirigida uma intensa seleção apenas para os caracteres enunciados, a conselho técnico do médico veterinário Dr. Manuel Leitão. No solar há exemplares do mesmo tipo, mas são raros e estão dispersos; contudo, a evidência desse “limite de seleção” deixa a possibilidade e perspetivas de poder ser aproveitado no processo de seleção da raça. A alta heritabilidade ligada aos carateres de conformação, conjugada com a variabilidade genética possibilitadora do processo, deve pesar a favor de tal decisão.

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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICAmapa 1

A raça tem o seu solar em terras de Miranda. Segundo Tierno (1904), a região solar ou centro de irradiação, coincidia rigorosamente com a área etnográfica em que se falava a língua mirandesa, isto é, com a terra de Miranda da alta Idade Média, e que correspondia pouco mais ou menos ao atual Concelho de Miranda do Douro. Aires (1920) é ainda mais restritivo ao afirmar que “a região solarenga desta raça é constituída sobretudo pelas Aldeias de Ifanes, Póvoa, Duas Igrejas, Malhadas, Caçarelhos e Genísio”.

Já segundo o Dr. Manuel Leitão, outro estudioso da raça, este já na segunda metade do século XX, a área solarenga, tal como as terras de Miranda da Idade Média, estendiam-se aos Concelhos de Vimioso, Mogadouro e Freixo. Seja como for, o Solar oficial da raça é hoje composto pelos seis Concelhos Nordestinos: Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso, Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros.

A partir da região solar, e mercê das suas qualidades e aptidões, a raça sofreu um processo de expansão, de que não podemos precisar o início, mas que atingiu o seu auge em meados do século XX (os dados não são coerentemente consistentes, mas o valor mais elevado que vimos transcrito foi 240.000 animais da raça, para 1970). Primeiramente invadiu os Concelhos vizinhos transmontanos, depois terá seguido no sentido das Beiras, Estremadura e Alentejo, até povoar quase todo o território, com exceção do Algarve, Minho e Douro Litoral.

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Na década de 70 do século XX teve início o processo inverso de regressão da raça quer em número de efetivos quer em termos territoriais, vindo, a este respeito, confinar-se, como qualquer exército que bate em retirada, na sua região solar, que em meados da década de 90 detinha, como já referimos, cerca de 5300 exemplares adultos, e para além destes, muito poucos espalhados pelo País – Alentejo e Beiras – sendo que estes dasBeiras, estavam dispersos, eram de má conformação e linhagem duvidosa, sendo visíveis essencialmente nos Concelhos de Guarda, Viseu e Condeixa.

Estes exemplares das Beiras eram ainda utilizados no trabalho e, em regra, não havia criadores com mais de duas fêmeas. Sem touros de cobrição na região, eram inseminadas artificialmente, e raramente com sémen de touro mirandês.

Desde meados da década de 90 tem-se assistido a uma estabilização do número de animais, mas com diminuição na região do solar e nova expansão da raça em termos geográficos, havendo hoje criadores e efetivos de raça mirandesa em 9 Distritos, para além do Solarengo (Bragança), a saber: Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Vila Real e Viseu. No Solar estão 70.6% dos animais inscritos no Livro Genealógico de Adultos, estando os restantes 29.4% espalhados pelo resto do território.

 

 


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PADRÃO DA RAÇA

Corpulência: Grande (vacas – 500 Kg; touros – 900 Kg) .

Conjunto de formas: os bovinos de raça mirandesa são compridos, largos, bem musculados, de linha dorso-lombar quase horizontal, de terço posterior desenvolvido, de membros de comprimento mediano, formando no seu todo um conjunto harmónico.

Pelagem: Linha dorso-lombar e marrafa loiras, dorso e lombo aloirados, que vão escurecendo progressivamente para as extremidades, atingindo nestas zonas, normalmente, a tonalidade preta. Os machos são mais escuros que as fêmeas e as crias são homogeneamente loiras.

Andamentos: fáceis, sem vacilação das ancas.

Temperamento: manso, mas enérgico.

Cabeça: pequena, de perfil ligeiramente côncavo, nuca larga e proeminente; marrafa abundante e aloirada; fronte larga e deprimida entre as órbitas; olhos aflorados e rodeados por uma zona de pelos claros; chanfro curto e reto, de focinho largo, de coloração preta e com uma orla de pelos brancos; orelhas largas, horizontais, revestidas internamente de pelos compridos e claros (pelindrengues); cornos de cor esbranquiçada, enegrecidos na ponta, de comprimento médio, de secção circular, simétricos, pouco divergentes, ligeiramente inclinados para baixo na origem e revirados para cima na ponta.

Tronco: pescoço curto, forte e de barbela desenvolvida; cernelha larga e um tanto saliente; dorso e lombo compridos e largos; garupa comprida, larga, aproximando-se da horizontal; cauda de média inserção, comprida, fina e bem tufada; tórax alto, largo e bem arqueado; ventre de regular desenvolvimento, úbere bem implantado e de boa conformação.

Membros: bem aprumados; flanco bem descido; espádua comprida e larga; braço e antebraço fortes; coxa e nádega compridas, largas, bem musculadas e com perfis tendendo para a convexidade; extremidades fortes e com articulações largas, unhas rijas e de tamanho médio.

Defeitos principais que motivam desclassificação:

  1. Cabeça grande ou de perfil convexo;
  2. Prognatismo ou braquignatismo;
  3. Predomínio do terço anterior sobre o posterior;
  4. Enselamento acentuado;
  5. Garupa mal ligada, descaída ou fechada atrás;
  6. Cauda de alta inserção;
  7. Membros muito compridos, mal aprumados ou de articulações fracas.

É obvio que, à semelhança de todas as outras raças, também nesta, a sua morfologia reflete as condições edafoclimáticas e de maneio em que evoluiu ao longo de milénios. É por isso que hoje, com melhor alimentação e melhor maneio em geral, e ainda privada das duras condições a que foi sujeita na sua função dinamófora, de produção de trabalho, e ainda fruto de uma seleção com vista à produção de carne, a raça aumentou de tamanho e melhorou consideravelmente a sua conformação. Por isso, e atendendo aos factos observados, na proposta de alteração ao Regulamento do Livro Genealógico, depositada na DGAV, já constam valores médios de peso adulto mais elevados, em cerca de cem Kg.

 

 


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CARACTERES MORFOLÓGICOS

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CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E REPRODUTIVAS

Antes de passar aos números, convém referir que, relativamente aos parâmetros reprodutivos, eles não estão absolutamente isentos de alguma margem de erro, uma vez que são colhidos dos registos zootécnicos do LG, por avaliação genética, e sabemos perfeitamente que há Criadores que não registam todos os partos de todos os animais; uma falha frequente de alguns Criadores consiste em não registar os partos no caso de nados mortos, ou mortes prematuras nos primeiros dias de vida, por diarreias neonatais, sendo que essa falha induz um aumento artificial do intervalo médio entre partos (INTP) da raça.

Resultados da Avaliação Genética – UTAD, 2012: (ver site)
Idade ao primeiro parto: 32,0 ± 6,25 meses
Intervalo médio entre partos: 408 ± 87 dias

Estes valores são objetivos e são eles, e não outros, mais ou menos simpáticos, que têm que ser considerados; convém no entanto salientar que em condições razoáveis de maneio, a raça mirandesa, sendo dotada de elevada rusticidade, bem adaptada às difíceis condições ambientais – ela própria é um produto do meio ecológico em que evoluiu, apresenta um INTP reduzido, uma longevidade produtiva elevada, um instinto maternal fortíssimo e uma facilidade de parto provavelmente imbatível.

A este respeito, em consequência do tamanho reduzido do feto, e particularmente da cabeça, aliada à enormíssima dilatação dos tecidos da parturiente, no Concelho de Miranda do Douro, com efetivos da raça na ordem das 800 a 1000 fêmeas, ao longo de 20 anos, há memória de ajuda veterinária em 5 casos, o que dá uma taxa próxima de 0,035%, e nunca devida a distócia por desproporção materno-fetal.

Os resultados de um inquérito feito aos Veterinários que prestam serviço nos Concelhos do Planalto Mirandês, para o ano 2011, apontam para uma percentagem de 0,097%. Sendo necessário mais dados, o certo é que estamos perante uma taxa de assistência veterinária no parto baixíssima, e de nível de dificuldade reduzida (nível 1, numa escala de 1 a 5).

Os valores das caraterísticas produtivas , indicados na tabela que se segue, representam médias calculadas a partir de informação recolhida em explorações que praticam os dois sistemas de exploração que iremos enunciar e abordar (o tradicional e o extensivo). 

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CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA

Caraterísticas das carcaças e da “Carne Mirandesa”

Definição do produto: A “Carne Mirandesa” é obtida exclusivamente a partir de carcaças provenientes do abate de animais de Raça Mirandesa, inscritos no Livro Genealógico, nascidos e criados na área geográfica delimitada pelos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais, cumprindo as normas e regras do Caderno de Especificações.

A “Carne Mirandesa” caracteriza-se pela sua tenrura e suculência, sabor, pela quantidade de gordura intramuscular em geral de cor clara, muito firme e não exsudativa, apresentando um sabor herbáceo e frutado, sendo que as infiltrações de gordura intramuscular realçam o “flavour” da carne.

Salientando o elevado grau de palatabilidade e distinção nas peças designadas por Posta Mirandesa e Rodião Mirandês.

Peso das carcaças: As carcaças apresentam os seguintes pesos médios em função da classe em que se inserem:

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Conformação das carcaças: As carcaças são classificadas pelo classificador oficial dos matadouros onde são abatidas, sendo usada a classificação legal em vigor. As carcaças com classificação P são desclassificadas, não podendo a carne delas obtidas ser comercializada como Carne Mirandesa (exceto se se apresentar picada ou em cubos).

classes

Gordura das carcaças: A gordura é firme e não exsudativa, variando de branca a amarela, acentuando-se esta última cor à medida que os animais progridem na idade. A classificação das carcaças em relação à gordura de cobertura ajusta-se à legislação em vigor e é usada pelo classificador oficial das unidades de abate.

Cor da carne: A carne é de cor rosada clara nas classes de animais mais jovens (vitela mamona e vitelo), de cor rosada mais carregada na categoria novilho e vermelha clara nas classes vaca e touro.

pH da carne às 24 horas após abate: O pH nas carcaças às 24 horas é inferior a 6,2 nas classes de animais mais jovens (vitela mamona e vitelo) e 5,8 nas restantes classes.

Garantia de qualidade

A “Carne Mirandesa” é um produto que obedece a um conjunto de padrões de qualidade, quer ao nível da sua produção quer ao nível do seu processamento, até chegar ao consumidor é sempre possível identificar o animal e a exploração de onde é originária, situação garantida pelo processo de certificação, cumprindo o Caderno de Especificações da Carne Mirandesa. Os consumidores de “Carne Mirandesa” são exigentes, preocupados com os produtos que consomem e sobretudo com o patamar de qualidade, exigindo especificidade e garantias, só possíveis pela certificação.

 

 


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SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Coexistem hoje dois sistemas distintos de exploração da raça: o sistema de semiestabulação tradicional e o sistema de exploração extensivo, este generalizado na região fora do solar e num cada vez maior número de explorações do solar da raça. Longe vão os tempos em que vigorava apenas o sistema tradicional de semi-estabulação, em que os animais adultos “não trabalhados”, e os de trabalho, nas merecidas folgas, eram levados para os lameiros (ou cerrados, como se diz em Miranda) – uma vez por dia no inverno e duas vezes diárias no Verão. As crias ficavam no estábulo e o momento do reencontro, de mães e filhos, ao final de um dia de inverno, ficou indelevelmente marcado por um parágrafo, de cariz poético, escrito no início do século XX: “Este sentimento de passado remotíssimo mais se acentua no inverno, que é a melhor estação para bem comprehender a Terra de Miranda, cuja paisagem é sobretudo uma paisagem hiemal. Ao cair de uma tarde de Dezembro, sob um céu baixo e pardacento, “céu de neve” como lá dizem, quando os nevoeiros habituaes da temporada, adensando-se, tornam as formas das cousas vacilantes e incertas, à hora que voltam dos lameiros as grandes manadas de vacas criadeiras, em lentas, estiradas filas, atroando os ares resonantes com os seus mugidos prolongados e dolentes, afigura-se ao estrangeiro que retrocedeu dezenas de séculos, que através de rudes campos primitivos veio dar consigo nalgum antigo villar hispano-romano, talvez mais atrás ainda, em qualquer logarejo do vetusto sertão ibérico, numa phase primordial da agricultura antes do período pastoril, nas idades em que o boi, primeiro amigo do homem, era o seu companheiro e único auxiliar na luta contra a terra, madrasta, ingrata e infecunda”.

Nos dias de hoje é ainda possível “provar” desta estimulante sensação, de forma menos inebriante, pois as grandes manadas já não regressam aos estábulos por debaixo ou junto das casas de habitação; elas são apascentadas durante uma jornada diária e regressam, para amamentar as crias, por norma, para estábulos fora dos aglomerados populacionais.

Apenas rebanhos de efetivos reduzidos (menos de 10 CN – classe 3 do REAP) são ainda aceites nas Aldeias; diga-se em abono da verdade que não deslustram, pelo contrário, embelezam o Lugar, e não são visíveis sinais de incomodidade nem de insalubridade. Neste tipo de exploração, o Criador é um verdadeiro Agricultor, que cultiva para consumo dos animais, e da família, praticamente tudo o que a terra pode dar: feno, ferrejo, nabal, milho, abóbora e outras hortícolas, que vai dando à manjedoura, durante todo o ano, consoante a época e a necessidade de suplementar o pastoreio.

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Apenas alguns destes Criadores/Agricultores utilizam a força de tração dos animais para produzir trabalho, e os que o fazem é quase só para atividades a que a força motorizada se adapta mal (semear batatas, lavrar vinha e pouco mais). Pelo exposto se pode concluir que uma das potencialidades da raça – trabalho/tração já é pouquíssimo aproveitada, o que não nos leva a considerar a raça mirandesa como apenas produtora de carne, porque, como disse um pensador, que não podemos precisar “um dos maiores erros da humanidade é pensar que os tempos passados não podem voltar jamais”. Considerar a hipótese de futura utilidade da capacidade de trabalho para a raça mirandesa pode parecer ridículo, mas “do sublime ao ridículo, vai apenas um passo” ; o inverso talvez se caminhe em dois ou três, pensamos nós.

No sistema de exploração extensivo, único fora do solar, e em crescimento nos Concelhos do Planalto Mirandês, os vitelos acompanham as mães, em pastoreio, até completarem a idade de 5 - 7 meses, sendo depois desmamados e engordados com recurso a fenos e cereais de colheita própria, triturados, ou concentrado aprovado pela entidade certificadora da DOP Carne Mirandesa (concentrado de marca mirandesa). As mães praticam o pastoreio permanente e são suplementadas com fenos de aveia ou de erva, apenas nos meses de Inverno e durante o pico do verão.

 

 


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PRODUTOS DE INTERESSE

São quatro os produtos de interesse originados diretamente pela raça:

  • Produção de carne de excecionais qualidades nutricionais e organoléticas, com DOP – DOP CARNE MIRANDESA;
  • Produção de peles – muito valorizadas;
  • Espetáculo de CHEGAS (LUTAS) DE TOUROS
  • Produção de trabalho – atualmente pouco relevante.

Há outros, indiretos, do ponto de vista social e cultural, e ainda numa perspetiva ecológica e de proteção da biodiversidade em geral. Além da produção de trabalho (hoje insignificante), produção de peles (muito valorizadas na raça mirandesa) e produção de carne – DOP Carne Mirandesa, há um produto em crescimento nos últimos anos – AS LUTAS DE TOUROS MIRANDESES. É por isso que para um efetivo adulto de 5146 fêmeas temos 256 machos adultos, inscritos no LGA, ou seja à razão de um touro por cada 20 vacas, o que seria excessivo se fossem todos para cobrição, ainda mais porque há um número significativo de vacas beneficiadas por Inseminação Artificial.

Acontece que uma parte considerável desses touros não têm como finalidade a reprodução, mas sim o espectáculo taurino atrás enunciado. Esta é uma potencialidade deveras importante, que está em crescimento vertiginoso e que deve ser apoiada porque gera rendimentos muito consideráveis para os criadores e satisfaz uma necessidade cultural muito enraizada nestas paragens.

As lutas de touros levam milhares de pessoas aos locais das chegas, e, sendo a maioria no verão, trazem os emigrantes em grande número para matar saudades dos tempos e dos hábitos da sua infância. Antigamente era comum, nas Aldeias, à tardinha, à vinda do lameiro, que os touros (os maiores rebanhos de vacas tinham um touro) se desafiassem e pelejassem em longas disputas, de forma natural, sem intervenção do homem.

O dono do touro vencedor “apenas” ganhava a fama, a vaidade, “a proua”, mas nada de proveito. Hoje é diferente, trata-se de conciliar a vaidade e orgulho de ter touros valentes e vencedores com o proveito de centenas de euros cobrados por luta realizada.

Foi já construído e está em pleno funcionamento um Tauródromo em Vinhais, que está a ter grande sucesso com um campeonato anual muito bem organizado, e muito concorrido, tanto em participantes, como em público, tendo também a colaboração da Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa. Foi também este ano concluído um outro em Bragança e está mais um Município do solar com o mesmo projeto em mente. São muito bem-vindos, pois são uma aposta na tradição, na cultura e no turismo, e são geradores de rendimentos para os criadores da raça e para o comércio e turismo local.

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AGRUPAMENTOS DE PRODUTORES

A Cooperativa Agro-pecuária Mirandesa é o Agrupamento de Produtores de bovinos de raça mirandesa que procede à comercialização da carne mirandesa; concomitantemente detém a fábrica de produção de concentrados de marca “Mirandesa”, que produz e distribui o alimento concentrado pelos sócios do agrupamento, com vista a produzir carne com matérias-primas nobres e homogéneas, numa perspetiva de controlo de qualidade de toda a fileira.

 

 


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SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVAS

Não é fácil prever o futuro, muito menos quando no mundo ocidental se assiste a uma crise, que tem sido apelidada de económico-financeira, mas que se nos afigura mais como uma crise de fim de ciclo, uma crise que indicia o fim de um sistema económico-social que vigorou durante largas décadas no mundo ocidental. Estamos a falar do sistema capitalista de mercado e do seu mais recente sub-produto, a globalização. As questões essenciais que devem ser colocadas são as seguintes: Estará o planeta em condições de continuar a fornecer alimentos, e outros bens, capazes de continuar a proporcionar, a tantos indivíduos, o nível de riqueza e bem-estar material, a que o mundo Ocidental está habituado? Se a resposta à primeira questão for negativa, como parece, qual o sentido da evolução dessas sociedades? Quantos anos mais vão durar as reservas de petróleo, compatíveis com o desenrolar da vida quotidiana tal qual a conhecemos, e que vemos quase como um dado adquirido? Haverá, atempadamente, e a custo comportável para a generalidade dos indivíduos, outras fontes de energia, capazes de substituir o petróleo? É impossível que no futuro venha a ser necessário e compensatório, nalguns sistemas agrários (naturalmente limitados) a tração animal?

E agora a questão que sobrevém: o que é que a raça bovina mirandesa tem a ver com estas grandes questões do nosso mundo? A nosso ver, tudo, e por vários motivos: desde logo porque os produtos principais das raças autóctones Portuguesas – carne e peles, têm tido sucesso graças a uma classe alta ou média alta que o capitalismo tem mantido; também porque é devido às políticas agrícolas de apoio à biodiversidade que os Criadores obtêm uma parte do rendimento, para compensar a menor produtividade relativa ao produto principal – a carne. É que, sem uma classe alta ou média alta, que adquira a carne a um preço significativamente mais elevado que a média e sem uma política de forte subsidiação destas nossas raças autóctones, elas não têm nenhuma hipótese de serem conservadas in vivo, pelo menos nas condições em que são utilizadas em Portugal.

Nalguns Países da Europa, foram criadas Denominações de Origem Protegida (DOPs) e Indicações Geográficas Protegidas (IGPs) para o produto (F1) do cruzamento da fêmea da raça autóctone com um qualquer touro de forte aptidão cárnica; noutros casos ainda, quando do advento das DOPs e IGPs, já as raças autóctones tinham sido melhoradas, provavelmente não só por seleção; talvez, nalguns casos, por cruzamentos de absorção, e têm hoje uma capacidade produtiva, que somada à sua rusticidade, as torna competitivas com as mais competentes raças de aptidão cárnica. Todavia, em Portugal, deu-se o caso de termos sido muito puritanos nestas duas matérias, e temos hoje, essencialmente, DOPs de carne proveniente do bovino de raça pura, sendo que a raça apresenta uma baixa precocidade e uma mediana conformação ao desmame. No caso da raça mirandesa o peso médio das carcaças, aos 210 dias, é de 132 Kg, e maioritariamente classificadas de O e R na grelha de classificação SEUROP. Ora, face ao exposto, é preciso que os criadores e as suas Associações, com o apoio dos serviços do Ministério da Agricultura, se preparem para cenários futuros diferentes do atual.

O Plano de Conservação e Melhoramento Genético da Raça Bovina Mirandesa, aprovado pela Direcção Geral de Veterinária, para o triénio 2011 – 2013, tem como caracteres a ser avaliados (avaliação genética) e objeto de melhoramento, por seleção, a Idade ao primeiro parto, o intervalo médio entre partos e o crescimento entre o nascimento e o desmame (velocidade de crescimento maioritariamente dependente da mãe). São caracteres ligados essencialmente ao segmento mãe, procurando-se melhorar a aptidão maternal. Os dois primeiros têm uma heritabilidade baixa enquanto que o terceiro tem uma heritabilidade média/alta, mas o objetivo do conjunto tem sentido; do ponto de vista genético, porque existe grande variabilidade (pelo menos) fenotípica relativamente aos caracteres em causa e do ponto de vista conjuntural e económico, porque importa, atualmente, vender muitos vitelos ao desmame, ainda que as carcaças tenham um peso sofrível, porque as mesmas são atualmente muito valorizadas e subsidiadas por cabeça.

Relativamente ao futuro, temos dúvidas, mas não só nós: “Consideramos que os objetivos de seleção perseguidos na atualidade são, por um lado, os adequados mas, por outro, de difícil sustentação junto dos que a exploram num contexto globalizado de mercado. Estabelecer como objetivo de seleção a aptidão maternal é um desafio de elevado risco porque a heritabilidade das características que integra é muito baixa e o intervalo entre gerações dos mais prolongados entre as espécies exploradas pelo homem.

A alternativa, poderia ser, como o de outras raças que lhe estão aparentadas, centrar a seleção na velocidade de crescimento, eficiência na conversão alimentar e conformação da carcaça. Neste caso, estar-se-ia a trabalhar com uma heritabilidade elevada, mas desconhecem-se, na atualidade, as implicações potencialmente negativas sobre a qualidade da carne, ponto forte da raça Mirandesa, que se deseja preservar”.

Partilhamos também algumas opiniões, que nos parecem inatacáveis, como: “Assim, a preservação das raças autóctones tem que assentar num programa de desenvolvimento sustentado dos recursos genéticos animais, isto é, um programa cientificamente consistente, tecnicamente apropriado, economicamente viável, socialmente aceite e não agressivo para o meio ambiente. A implementação de programas que visem, simplesmente, a preservação genética, estarão sempre condenados ao fracasso.

A satisfação das necessidades e expectativas humanas não podem ser travadas, pelo alegado interesse em se manterem os recursos genéticos dos animais domésticos no seu estado actual. Nem cientificamente há suporte para uma tal ação”, ou: “Pode-se e deve-se, como ainda afirma HODGES (1991), controlar as mudanças que se introduzirem, as quais deverão incluir uma provisão para novas mudanças, no futuro, para ecossistemas mais próximos, diferentes ou inovadores, geridos pelo homem. As mudanças correntes não devem impossibilitar essas futuras opções, ou deixar de preservar a diversidade genética que não é presentemente necessária”.

Pretendendo conciliar e sintetizar, o melhor que está ao nosso alcance, as opiniões e os receios dos autores citados, e de outros, juntando alguma da nossa observação e análise, e 17 tendo ainda presente que há três métodos de conservação de raças puras (sémen congelado – o mais barato, embriões congelados e populações animais), num mundo em mutação acelerada e entrópica, seja ao nível dos ecossistemas, seja ao nível das políticas, diríamos o seguinte:

  1. As raças autóctones, no caso em apreço a mirandesa, devem interessar ser preservadas no seu habitat, exploradas economicamente, em sistemas agrários não agressivos para o ambiente;
  2.  Para isso, e para não dependerem de forte subsidiação, que é incerta a prazo, devem ser economicamente viáveis, portanto, competitivas de per si;
  3. O melhoramento genético por seleção não deve ser levado a extremos de um caminho sem retorno, tornando a raça inadaptada num cenário diverso, futuro;
  4. Para ser competitiva, ou é possível aumentar consideravelmente o preço por Kg de carcaça, pago ao produtor, ou a raça tem que produzir carcaças mais pesadas (aos 210 d);
  5. Há duas formas de tentar este objetivo:
    a) Centrar a seleção na velocidade de crescimento, índice de conversão e conformação - processo moroso, com limitações e o risco atrás citado, relativo às implicações possíveis na qualidade da carne (sem retorno). Devemos, julgo, manter um equilíbrio dinâmico entre a uniformidade fenotípica e a variabilidade potencial;
    b) Manter grande parte da variabilidade existente, continuando com uma seleção pouco intensa relativamente aos caracteres de aptidão maternal e certificar o F1 do cruzamento da vaca mirandesa com um touro de aptidão cárnica. O F1, produto do cruzamento com o touro limousine, é muito apreciado por alguns talhantes e consumidores, o que teria de ser provado de forma científica. Esta hipótese tem as vantagens de ser de fácil e segura execução e de não levar a caminhos sem retorno.

 

 


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ROTA DA RAÇA E DOS SEUS PRODUTOS

A RAÇA E OS CRIADORES

www.mirandesa.pt/oquee.htm
www.facebook.com/cmirandesa

MATADOUROS
SALA DE DESMANCHA E EMBALAGEM E CONFEÇÃO DE PRODUTOS VARIADOS
www.proveportugal.pt/produto/carne-mirandesa
www.mirandesa.pt/receitas/postamirandesa.htm

TALHOS EM EXCLUSIVIDADE
www.mirandesa.pt/pontosdevenda.htm

RESTAURANTES

 

DENOMINAÇÃO DE ORIGEM – DOP CARNE MIRANDESA

A Carne Mirandesa DOP iniciou a sua atividade em 1995 com a constituição do Agrupamento de Produtores e a angariação de cooperantes. No ano de 1996 fez os primeiros contratos de venda de carcaças. De início teve grande dificuldade de implantação porque apesar de beneficiar do efeito de ser uma menção com um nome de grande prestígio no sector, o mercado não valorizava nem diferenciava as menções protegidas ao abrigo do Reg. CEE 2081/92. Desde de 1996 até 2004 o volume de animais comercializados foi sempre crescente atingindo as 2000 carcaças. De 2004 até 2010 o número de animais certificados tem-se mantido estável.

Em Julho de 2011 o Agrupamento atingiu o patamar mais elevado de exigência com a inauguração da Unidade Industrial de Vimioso, situada sensivelmente no centro do solar da raça Mirandesa. Esta unidade veio de encontro ao anseio dos produtores de conseguirem um controlo total da produção e retirarem um conjunto de prestadores de serviços de transformação e desmancha da DOP Carne Mirandesa o que permitirá a valorização integral da produção. Ao nível da indústria alimentar esta unidade, possui valências para os seguintes processos tecnológicos:

  • Desmancha e corte fino;
  • Embalagem e cuvetização;
  • Linha de picados;
  • Charcutaria;
  • Pré-cozinhados.

Caracterização do produto

Características do Produto: A “Carne Mirandesa” é produzida/comercializada em duas categorias:

Vitela – Esta carne é proveniente de animais com idade compreendida entre os 5 e 9 meses, de ambos os sexos, que permanecem com a mãe durante esse período. A carne procedente destes animais apresenta uma cor rosa clara, com gordura de cor branca e distribuição homogénea, com grão fino, consistência firme, ligeiramente húmida.

Novilho – Esta carne é proveniente de animais recriados, após o desmame, cujo abate se processa entre os 10 e os 18 meses, de ambos os sexos. A carne destes animais apresenta uma cor vermelha clara, consistência firme, ligeiramente húmida e moderada gordura intramuscular.

Observação: Os animais que produzem a “Carne Mirandesa” são obrigatoriamente de Raça Mirandesa, pelo que têm que estar inscritos no Livro Genealógico e cuja produção tem de se enquadrar no solar da raça constituída pelos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso, Vinhais, Mogadouro, Bragança e Macedo de Cavaleiros.

A Marca “Carne Mirandesa” DOP

logo

 

 


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SITES SOBRE A RAÇA

www.mirandesa.pt

http://www.sprega.com.pt/

 

 


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BIBLIOGRAFIA

  • Aires, A. A. (1920). O Melhoramento do Bovino Mirandês. Tese de Doutoramento. Escola Superior de Medicina Veterinária de Lisboa.
  • Alves, A. C. (1974). Cadernos Históricos Mirandeses. A terra de Miranda nas Inquisições de D. Afonso III.
  • Alves, V.C. (1993). Estudo sobre “a Raça Bovina Maronesa”. Situação actual e perspectivas zootécnicas. UTAD. Vila Real.
  • AMIBA – Associação Criadores de Bovinos de Raça barrosã (2001). A Raça Barrosã
  • Annick, Audiot (1995). Races d`hier pour l´élevage de demain. I.N.R.A. Paris.
  • Coelho, J. (1992). Boletim nº 18 – A Agricultura Transmontana. Setembro de 1992.
  • García, J.E.Y. (2000). Catálogo de Raças Autóctones de Castela e Leão (Espanha) – Região Norte de Portugal. Fundação Afonso Henriques.
  • Granjo, J. F. (1954). O Bovino Mirandês em Terras de Miranda. Lisboa. Instituto Superior de Agronomia.
  • Instituto Nacional de Estatística (1979).Recenseamento Agrícola do Continente. Lisboa
  • Leitão, M. (1950). “O Gado Bovino Mirandês” Estudos Biométricos. Lisboa
  • Leitão, M; Ferreira, L.S; Costa, D.A. (1981). Raça Bovina Mirandesa “Bovinos em Portugal”. Lisboa. DGSV.
  • Minvielle, F. (1990). Princípes d`amélioration genétique des animaux domestiques. I.N.R.A. Paris
  • Pais, J.F.M. (1994). Raça Bovina Mirandesa. Sua evolução e perspectivas de desenvolvimento. Relatório Final de Estágio de bacharelato em Produção Animal. Escola Superior Agrária de Bragança.
  • Quintela, J.T.L.C. (1996). Avaliação Quantitativa e qualitativa de pastagens e fenos do Nordeste Transmontano. Relatório Final de Estágio de Licenciatura em Engenharia Zootécnica. Évora.
  • Raposo, A.V.C. (1995). Os Bovinos de Raça Mirandesa. Estudo Demográfico. Relatório Final de Estágio de Bacharelato em produção Animal. Escola Superior Agrária de Bragança.
  • Roque, M. (2001). Vaches de Montagne. Imprimerie Moderne a Aurillac.
  • Sousa, F.R. e García, L.S. (2009). MIRANDESA. Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa.
  • Taborda, V. (2011). Alto Trás-os-Montes. Estudo demográfico. Imprensa da Universidade de Coimbra.
  • Tierno, J.F. (1904). O Gado Bovino Mirandês. Dissertação Inaugural no Instituto de Agronomia e Veterinária. Lisboa. Imprensa Nacional.
  • Xunta de Galícia (2006). Os nosos recursos xenéticos animais. Un património que resiste. D.L. C3258-2006

 WEBGRAFIA

www.mirandesa.pt – em Setembro de 2013.

TEXTOS DE AUTOR, NÃO PUBLICADOS

  • Leitão, M. (1976). Contribuição para o trabalho de inventariação e diagnose da raça bovina mirandesa.
  • Leitão, M. (1983). Gado Bovino Nacional de Castas não leiteiras. A Raça Bovina Mirandesa e o Lavrador Transmontano.
  • Leitão, M. (1989). Bovinos. Raças Autóctones

 

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