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Charnequeira

 ORIGEM E HISTÓRIA | DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA | PADRÃO DA RAÇA | SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO | CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS E PRODUTIVAS | DESENVOLVIMENTO E PERSPETIVAS FUTURAS | PRODUTOS DE INTERESSE | AGRUPAMENTOS DE PRODUTORES | SITES SOBRE A RAÇA | BIBLIOGRAFIA |

 

Espécie: Caprinos

Classificação Oficial: Autóctone

Risco de extinção: Ameaçada

Nome: Charnequeira

 

OVIBEIRA – Associação de Criadores de Ovinos do Sul da Beira

Rua José Cifuentes nº. 11 D/E

6000-244 Castelo Branco

Telef. 272 347 564 / 272 344515/6

Fax: 272 344 586

E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

 

Censos: 2019

Nº: Fêmeas: 2175

Nº: Machos: 208

Nº: Explorações: 43

Secretário Técnico:

Dr. Pedro Cardoso

 

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ORIGEM E HISTÓRIA

Parece que esta raça procede da Cabra Aegagrus, tendo mais tarde recebido influência do tronco Pirenaico. Porém, há opiniões que dizem ser a Charnequeira descendente da Cabra Falconeri ou da sua representante na Europa – a cabra palustre de Reitimagri ou Capra hircus sterpsicerus ou Céltica de August (13).

 

 


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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

Como consequência das diferenças do meio em que vivem, consideram-se dois ecótipos – Alentejana / Machuna e Beiroa: respetivamente, um que é explorado no Baixo Alentejo, Concelhos de Santiago do Cacém, Sines e Odemira, e o outro, no Alto Alentejo, Nisa e Castelo de Vide, e na Beira Baixa, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Rodão ( 13).

 

 

 


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PADRÃO DA RAÇA

A raça Charnequeira que deve o seu nome à zona onde é explorada – a charneca -, agrupa animais de perfil retilíneo ou subcôncavo, eumétricos e sub-hipermétricos (13). São explorados na dupla aptidão leite-carne.

O protótipo racial, que consta do Regulamento do Registo Zootécnico da raça, é o seguinte:

Pelagem: Uniforme, de cor vermelha com tons que vão desde o claro (trigueiro) até ao retinto (côr de mogno). Pele forte e elástica, pêlo curto, liso e, por vezes, brilhante nas fêmeas, sendo mais grosso e hirsuto nos machos, sobretudo no dorso e lombo.

Cabeça:   Média, de perfil retilíneo ou subcôncavo, de fronte convexa, seguida de pequena depressão, e chanfro retilíneo; olhos vivos e acastanhados; orelhas pouco destacadas, direitas e de comprimento médio; inerme ou com cornos, grandes, largos e juntos na base, dirigidos para cima, ligeiramente inclinados para trás, divergentes e retorcidos nas pontas ou nitidamente espiralados, em saca-rolhas, rugosos e de secção triangular; barbicha frequente nos bodes e rara nas fêmeas.

Pescoço: Comprido e estreito, quase sempre com brincos.

Tronco:   Amplo, com peito estreito e profundo; cruz pouco destacada; linha dorso-lombar quase direita, ligeiramente descaída para a frente; garupa descaída; cauda curta, horizontal e arrebitada na ponta; abdómen bem desenvolvido.

Úbere:     Ensacado e pendente ou globoso, de regular desenvolvimento, tetos destacados e de tamanho médio.

Membros: Fortes, curtos, com aprumos regulares e unhas resistentes.

 

 (14)

Bode com avental

 

 


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SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO

São exploradas em sistema extensivo, com dimensão das cabradas entre 100 a 150 animais, e uma alimentação à base de pasto espontâneo, restolhos e diversas espécies arbustivas ou arbustos ( 5 ).

No norte da área de dispersão encontram-se cabradas de menor dimensão – 10 a 50 animais. São explorados no sistema de um parto/ano com partos em Outubro/Novembro e Janeiro/Fevereiro. As crias ficam encerradas no capril e são amamentadas duas vezes ao dia. Normalmente são vendidas até aos 45 dias de idade no ecotipo “Beiroa” e aos 3 a 6 meses no ecotipo “Alentejana” ( 13 ).

O ecotipo “Beiroa” é explorado para leite. Em geral o leite de cabra é misturado com o de ovelha obtendo-se o queijo à “Cabreira” de Castelo Branco (amarelo ou picante consoante o processo de cura).

As condições de exploração dos animais condicionam o seu desenvolvimento tendo o ecotipo “Beiroa”, com peso adulto para as fêmeas de 50Kg e para os machos de 78Kg, animais mais encorpados (14). Condiciona também todo o seu ciclo produtivo que é influenciado pela evolução do seu peso vivo ao longo do ano. Este está intimamente correlacionado com os períodos de maior exigência do animal e às disponibilidades alimentares naturais, caso não se procedam às suplementações correctas em épocas de carência alimentar.

 

 


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CARATERISTICAS REPRODUTIVAS E PRODUTIVAS

 

Taxas reprodutivas

As fêmeas são poliéstricas permanentes podendo apresentar períodos de anestro mais ou menos marcados de Março a Julho. Em função do maneio tradicional dos animais verificam-se duas épocas de cobrição - Primavera (Abril/Maio) e Outono (Setembro/Outubro).

(14) 

 

Em sistemas de exploração com prados semeados e/ou regadio a prolificidade pode aumentar para 160%, a produtividade numérica para 141% e haver uma redução drástica na mortalidade dos adultos para 2%.

A idade à puberdade varia segundo a época de nascimento, pois está sujeita à acção inibidora ou estimulante do fotoperíodo.

0 peso médio à primeira cobrição das chibas nascidas no Outono foi de 26 Kg, e nas chibas nascidas na Primavera foi de 24.5 Kg. Se se considerar o peso médio das fêmeas adultas de 49.4 Kg obtido nas mensurações, a primeira cobrição verifica‑se quando as chibas apresentam aproximadamente 51% do peso adulto.

 

PRODUÇÃO DE BORREGOS

Pesos e Ganhos Médios Diários

Os quadros que se apresentam a seguir dão-nos uma ideia da velocidade de crescimento e eficiência alimentar passíveis de variar quando se intervém nas quantidades e natureza dos alimentos disponíveis, nomeadamente quando se condiciona a alimentação dos cabritos dando-lhes a possibilidade de mamarem só duas vezes ao dia.

 (14)

Cabritos

(14)

 

CARATERIZAÇÃO DAS CARCAÇAS

A produção de carne obtém-se, sobretudo, a partir do cabrito que é comercializado antes de atingir os 7Kg de carcaça.

A carcaça é o principal produto comercializável de um animal. São as características quantitativas e qualitativas que determinam o seu valor comercial em função da procura no mercado. Estas características são o resultado de um processo biológico que tem lugar num animal de um genótipo determinado e submetido a um sistema de produção definido.

(14) 

 

A conformação da carcaça tem menor importância nos caprinos do que nos bovinos ou ovinos, pois é desmanchada com muito menos frequência.

 

PRODUÇÃO DE LEITE

O pico de lactação dá-se cerca dos dois meses podendo apresentar outros picos de produção de valor mais baixo (alavão), pois a cabra responde muito bem em termos produtivos face a uma melhoria das condições de alimentação.

Ordenha

 

O teor proteico e de gordura é variável ao longo da lactação mas situam-se predominantemente entre os 4 e 7%.

 

(14)

 

Em cabradas com área de regadio e prados semeados os animais, de 3ª lactação, atingem os 300 litros e têm uma média de cabrada acima dos 200 litros para a produção total de leite.

De qualquer modo a variabilidade dos dados é elevada o que pressupõe uma resposta rápida no aumento da produção média como reflexo de uma seleção com base nos registos do Livro Genealógico depois de devidamente analisados.

 

 Úbere

 

 


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DESENVOLVIMENTO E PERSPETIVAS FUTURAS

Face ao grande incremento na produção de leite de ovelha e à grande concorrência dos produtos derivados há uma crescente procura de leite de cabra, pela facilidade de escoamento dos queijos tradicionais, que não tem sido acompanhada pela oferta. Além disso, a possibilidade de ser consumido quer em natureza quer transformado em diversos produtos, catalogados como dietéticos, dá-lhe acesso a um mercado mais variado e abrangente que o de leite de ovelha.

Aliás, começam a aparecer no mercado produtos, vindos do “estrangeiro” onde já são elaborados há anos, sinal a ser tomado em linha de conta pelos produtores.

Em termos de produtos de qualidade o leite de cabra pode ser usado no fabrico do Queijo à “Cabreira” de Castelo Branco (Amarelo e Picante). Estes queijos têm Denominação de Origem Protegida por Despacho 4/94, DR. II Série, 26/01 – Reg. CE 1107/96, JOUE nº. L 148 de 12/06 (3).

Para a carne temos o “Cabrito da Beira” como produto de Indicação Geográfica de Protegida (IGP) indexado a cabritos das raças Charnequeira e Serrana abatidos entre os 40 e 45 dias. Despº. 58/94 – DR II Série de 15/02/94, Reg. CE 1107/96, JOUE nº. L 148 de 12/06 – Despº. 2314/99, DR II Série de 09/02/99.

 

 


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PRODUTOS DE INTERESSE

  • Queijo Amarelo – DOP
  • Queijo Picante - DOP
  • Cabrito da Beira – IGP

 

 


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AGRUPAMENTOS DE PRODUTORES

Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa/Idanha - a - Nova, C. R. L.

Zona Industrial, Lt. 5

Murteiras Redondas

6060-182 IDANHA-A-NOVA

Telefone: 277 200 230      Fax: 277 200 239

 


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SITES SOBRE A RAÇA

 

 


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BIBLIOGRAFIA

 

(1) CALHEIROS, F.C., (1976). Caprinos ‑ Situação e perspectiva. DGSV. Fonte Boa‑ Santarém.

(2) CARDIGOS, L.R., (1981). Caracterização Étnica das Populações Caprinas Nacionais e Sistemas de Maneio. In 14 Jornadas Nacionais de Caprinicultura. DGSV. Santarém.

(3) D.G.D.R., 1999. Guia dos Produto de Qualidade. Lisboa.

(4) DIAS LOPES, P.M.; REBELLO DE ANDRADE, C.S.C., (1989). Parâmetros Reprodutivos e Produtivos de uma Cabrada da Raça Charnequeira. 1º. Congresso de Zootecnia, 2º. Encontro dos Engenheiros Zootécnicos Portugueses. APEZ, 9-11 Novembro, Vila Real.

(5) DUQUE FONSECA, A., (1988). Levantamento da Caprinicultura em Portugal. II Jornadas de Caprinicultura. Sociedade Portuguesa de Ovinotecnia (SPO). 7,8 e 9 de Abril, Castelo Branco.

(6) LIZARDO, R.R.G.; ROQUETE, C; DUQUE FONSECA, A., (1988). Alguns Parâmetros Leiteiros das Raças Serpentina e Charnequeira na Charneca do Ribatejo. II Jornadas de Caprinicultura. Sociedade Portuguesa de Ovinotecnia (SPO). 7,8 e 9 de Abril, Castelo Branco.

(7) LIZARDO, R.R.G.; ROQUETE, C; DUQUE FONSECA, A., (1988a). Aporte ao Conhecimento das Performances Reprodutivas e Crescimento das Raças Serpentina e Charnequeira na Charneca do Ribatejo. II Jornadas de Caprinicultura. Sociedade Portuguesa de Ovinotecnia (SPO). 7,8 e 9 de Abril, Castelo Branco.

(8) LIZARDO, R.R.G.; SIMÕES, A.; DUQUE FONSECA, A, (1988). Algumas Considerações sobre Carcaças de Cabritos das Raças Serpentina e Charnequeira. II Jornadas de Caprinicultura. Sociedade Portuguesa de Ovinotecnia (SPO). 7,8 e 9 de Abril, Castelo Branco.

(9) NABAIS DOMINGOS, A., (1980). História da caprinicultura em Portugal. DGSV. Lisboa.

(10) REBELLO DE ANDRADE, C.S.C.; CASQUEIRO, M.C., (1996). A Cabra da Raça Charnequeira: contribuição para a caracterização morfológica do úbere. ESACB, Castelo Branco. (não publicado)

(11) S. SILVA, A., (1986). Acompanhamento contínuo de um efectivo caprino e outro ovino. Avaliação de alguns dos seus parâmetros reprodutivos e produtivos. Trabalho de fim de curso de Engenharia Zootécnica ‑ Évora. (não publicado)

(12) SILVEIRA, J.M.L.N., (1986). Primeira análise de alguns parâmetros reprodutivos e produtivos de um efectivo caprino das raças Raiana, Serpentina e Charnequeira, contemporâneo no sistema extensivo tradicional. Trabalho de fim de curso de Engenharia Zootécnica (não publicado).

(13) SOBRAL, M.; ANTERO, C.; BORREGO, J.D.; NABAIS DOMINGOS, A., (1987). Recursos Genéticos: raças autóctones - espécies ovina e caprina. Direcção Geral da Pecuária. Lisboa.

(14) REBELLO DE ANDRADE, C. S. C. (2012). Raça Caprina Charnequeira (Ecotipo - Beiroa). Edições IPCB. ISBN: 978-989-8196-31-6

 

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