ORIGEM E HISTÓRIA | ESTALÃO | SITES SOBRE A RAÇA
Espécie: Cães
Nome: Serra da Estrela
Censos: 2013
Nª Fêmeas: 16599
Nº: Machos: 190
Entidade Gestora do LOP:
Clube Português de Canicultura (CPC)
Rua Frei Carlos, 7
1600-095 LISBOA
Telf: 217 994 790 Fax: 217 994 799
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URL: http://www.cpc.pt/
Estalão: Cão da Serra da Estrela
Standard FCI: Nº 173 – publicado em 04/11/2008
Origem: Portugal
Utilização: Cão de proteção de rebanhos, de guarda e companhia, utilizado também como animal de tração
Classificação F.C.I.:
Grupo 2 - Cão de tipo Pinscher e Schnauzer, Molossóides, cães de montanha e boieiros suíços
Secção 2.2 - Molossóides, tipo montanha.
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ORIGEM E HISTÓRIA
Cão da Serra da Estrela é uma raça canina portuguesa que, como o seu nome indica, teve a sua origem nessa região montanhosa. Foi aí que os animais que lhe deram origem se fixaram e, após múltiplas adaptações, conseguidas em gerações sucessivas, foram ganhando as suas características próprias.
A data do seu aparecimento, nos então denominados “Montes Hermínios”, não é possível de determinar. Sabe-se, contudo, que é uma raça muito antiga, das mais antigas da Península Ibérica.
Devido às variações de altitude, há, na Serra da Estrela, níveis de temperatura e de humidade diversos, o que faz com que o seu revestimento vegetal vá variando do sopé para o cume dos montes. Também a diferente exposição aos raios solares dos vários locais, fruto da sua orientação geográfica, diversifica a vegetação natural, que é, fundamentalmente, arbustiva. As diversas fontes existentes fazem com que a água não falte. Esses fatores tornaram, desde sempre, a serra num local propício ao pastoreio.
É sabido que a sedentarização do homem nesses locais se situa na Época Medieval mas a sua utilização por ele, numa vida de pastor nómada, ao lado dos seus rebanhos, é muitíssimo mais remota. Há conhecimento de que ela é anterior ao nascimento de Cristo, pois, aquando da invasão da Península Ibérica pelos Romanos (século II a.C.) já havia pastores (os Lusitanos) que a essa invasão deram luta e que se refugiavam nas penedias.
Claro que é fácil perceber-se que, em local tão afastado da ocupação humana permanente, com vegetação diversificada e abundante e com água disponível, os animais herbívoros silvestres deveriam abundar e, logo atrás deles, completando a cadeia ecológica, os predadores bravios deveriam ser imensos.
O pastor humano tinha necessidade de, no Verão, levar os seus animais para a serra, porque aí os pastos verdejavam, enquanto nas zonas de menor altitude já tinham secado.
Esta ida dos animais para a serra era uma situação difícil para as espécies domésticas porque, devido à sua corpulência e à sua menor agressividade (fruto da domesticação), eram, potencialmente, presas muito apetecíveis para os predadores carnívoros.
As dificuldades que os pastores tinham para defender os seus rebanhos seriam, certamente, imensas, até porque não podiam utilizar armas de fogo (pois elas ainda não tinham sido inventadas – a pólvora foi utilizada pela primeira vez, na Europa, em armas de fogo, no ano de 1346).
Valia-lhes a ajuda de um animal que parece ter sido criado para complementar o homem – o cão (Canis familiaris).
O cão, elemento da família dos Canídeos, é um animal de grupo (de matilha). No estado selvagem, os cães estabelecem, dentro dos grupos a que pertencem, fortes e bem determinadas relações sociais. Nas matilhas, há um chefe (um líder) e um espírito de interajuda e cooperação entre os seus elementos.
O cão doméstico, devido à grande facilidade com que transfere essas ligações, passa a cooperar com o homem, como se cooperasse com outros cães. Assim, uma vez reconhecida a sua liderança, ele está pronto a obedecer-lhe e a ajudá-lo. Forma-se um binómio homem-cão, que tão bem funciona em proveito do primeiro. O “Cão da Serra da Estrela” acompanha o seu chefe, o seu dono, na guarda dos seus haveres, neste caso o rebanho de gado bovino e caprino. Não mais o abandona, subindo à serra quando o gado para aí vai, e calcorreando as longas rotas de transumância, quando os herbívoros que estão sob a sua proteção são obrigados a procurar pastos em zonas mais temperadas.
Não se sabe, ao certo, quais os animais silvestres que estes valorosos e valentes cães tiveram de enfrentar. Pensamos, até, que, possivelmente, terão tido como adversários os ursos, que, então, por lá existiam.
Se deixarmos essas épocas tão remotas e nos debruçarmos sobre o que se passava na Serra da Estrela, por exemplo, na última metade do século XIX e na primeira do século XX, podemos compreender o papel fundamental que o lobo (Canis lupus signatus) teve no desenvolvimento e aperfeiçoamento desta raça canina autóctone. Nesses tempos, era o lobo o maior predador que habitava a serra e o número deles que lá existia era respeitável.
O lobo é, tal como o cão, da família dos canídeos e do género Canis e, por isso, também, um animal de grupo (alcateia). Esses grupos podem ser maiores ou menores, dependendo da área territorial que têm à sua disposição e da quantidade de alimentos que nela encontram. Quando a alimentação é escassa, há uma adaptação da espécie a essa realidade e os lobos começam a viver aos casais, que se fazem acompanhar dos seus filhotes (lobatos), até à idade de, também, acasalarem. A vivência em casais isolados retira aos seus elementos a possibilidade de caçarem animais de porte superior ao seu. Os gados ovinos e caprinos são alvo da sua cobiça, pela facilidade com que poderão capturar e pela abundância de carne que lhes fornecem. O seu ciclo circadiano (isto é, o seu comportamento no quotidiano) dá-lhes uma maior atividade crepuscular e noturna.
Aproveitam o dia para descansar nos seus abrigos. Foi contra um animal tão bom caçador e tão bem preparado fisicamente, como o lobo, que os exemplares desta raça tiveram de se defrontar. É certo que os pastores tentavam ajudá-los, colocando-lhes coleiras de bicos metálicos no pescoço, para dificultar as dentadas dos lobos nessa zona anatómica (tão exposta, tão vulnerável e tão vital), mas, mesmo assim, não seria, certamente, tarefa fácil, para os cães, terem de defender os rebanhos dos ataques desses carnívoros.
Para bem exercerem a vigilância que lhes era confiada eles tiveram de desenvolver certas características e comportamentos, de forma a poderem pressentir a presença, por perto, de lobos. Assim, a independência, que os animais desta raça gostam de ter, enraíza na forma como os seus antepassados faziam a guarda do gado. Eles procuravam, por sua iniciativa, sítios altos onde tentavam captar as feromonas (mensageiros químicos odoríferos transportados pelo ar) dos lobos. Se estes fossem detetados nas imediações, logo os cães tentavam proteger os rebanhos, mas de uma forma a não permitir que os carnívoros deles se aproximassem. Para esta forma de atuação, eles necessitavam de liberdade de ação, não podiam estar a cumprir estritas ordens do pastor.
Esta sua forma comportamental faz com que alguns adestradores caninos digam que o “Cão da Serra da Estrela” é difícil de adestrar, pois parece ignorar as ordens e instruções que eles pretendem dar-lhe. O que, de facto, se passa é que os cães desta raça tentam sobrepor a sua vontade à do técnico. Este, para conseguir os seus intentos, não deve desistir e, com paciência, determinação e perseverança, deve continuar o ensino. Surgirá o momento em que o animal obedecerá e, a partir daí, esforçar-se-á por aprender o que se lhe quer ensinar e por cumprir o que lhe é ordenado.
ESTALÃO
Breve resumo histórico: Desde épocas remotas, este cão fixou-se na região da Serra da Estrela, perdendo-se no tempo a sua verdadeira origem. Deve ser, no entanto, uma das raças caninas mais antigas da Península Ibérica. Encontra-se desde as faldas da Serra até às mais elevadas altitudes (2000 metros aproximadamente), sobretudo no Verão, quando, desaparecida a neve, as pastagens vicejam nas altas planuras, sendo procuradas pelos gados, visto, nas regiões do sopé, o calor excessivo ter dessecado toda a pastagem. Devido ao progressivo reconhecimento das suas aptidões, este cão tem sido difundido por todo o mundo, a partir da segunda metade do século XX.
Aspeto geral: Grande molossóide de tipo mastim. Existe em duas variedades de pêlo: comprido e curto. Rústico e com muita substância; os andamentos são vivos e tem uma atitude imponente. A raça é de aspeto atento, calmo e expressivo. É bem proporcionado, é bem construído com uma aparência harmoniosa, característica conseguida ao longo dos tempos.
Proporções Importantes: Moderadamente longo (sublongilíneo), com tendência a mediolíneo. A altura do peito é inferior a metade da altura ao garrote. O do chanfro e o crânio devem ter aproximadamente o mesmo comprimento, não o tendo, o crânio deverá ser ligeiramente mais comprido.
Comportamento/carácter: Inseparável companheiro do pastor e guarda fiel do rebanho, defende-o contra os predadores e ladrões de gado. Magnífico guarda de quintas e da casa, desconfiado perante os estranhos e tipicamente dócil com o seu dono.
Cabeça: Forte, volumosa, comprida e ligeiramente convexa vista de perfil; bem ligada e proporcionada ao corpo, bem como o crânio em relação à face; cada parte está em perfeita harmonia com as outras. A pele é lisa no crânio e na face.
Região craniana:
- Crânio: Bem desenvolvido,arredondado, com os eixos longitudinais superiores craniofaciais ligeiramente divergentes, convexo de perfil, as arcadas supraciliares são pouco desenvolvidas com um sulco frontal pouco aparente; a protuberância occipital não é saliente.
- Stop: Depressão naso-frontal pouco pronunciada, está a uma distância aproximadamente igual da extremidade do nariz e da protuberância occipital.
Região facial:
- Trufa: Direita e em linha com o chanfro, narinas bem abertas; largas, de cor preta.
- Chanfro: Longo; estreitando-se para a extremidade, sem ser pontiagudo; tende para o retilíneo na sua extensão, mas ligeiramente convexo na sua extremidade.
- Lábios: Bem desenvolvidos sem serem espessos; bem sobrepostos, não caídos; a mucosa bucal, o céu-da-boca, bem como os bordos labiais são intensamente pigmentados de preto.
- Maxilas/dentes: Boca bem rasgada com maxilas bem desenvolvidas; dentição completa com dentes fortes, brancos, bem implantados com uma boa oclusão; a articulação em tesoura é preferível, mas a articulação em pinça é aceite.
- Olhos: De tamanho médio a pequeno, de forma oval, horizontais, de tamanho igual e bem abertos, de expressão atenta e calma; de cor âmbar escuro, de preferência. As pálpebras fecham-se bem e bordos orlados a preto. As sobrancelhas são ligeiramente marcadas.
- Orelhas: Inserção média; caídas, inclinadas para trás, caindo lateralmente, encostadas à cabeça, com o bordo interno visível (em “rosa”); finas, de forma triangular, arredondadas na extremidade; pequenas em relação ao corpo.
Pescoço: Curto; direito e espesso; bem saído e bem ligado aos ombros; barbela pouco desenvolvida, sem exageros.
Tronco:
- Linha superior: Direita. Quase horizontal.
- Dorso: Bem musculado de preferência curto.
- Lombo/Rim: Curto; largo; bem musculado e ligado à garupa.
- Garupa: Ligeiramente descaída; curta; larga e musculada. A altura da garupa deve ser igual ou ligeiramente superior à altura ao garrote.
- Peito: Largo; alto; bem arqueado, sem ser cilíndrico, e bem descido, junto ao cotovelo ou ligeiramente abaixo.
- Linha inferior e ventre: A linha inferior deve elevar-se, de uma forma gradual, mas suavemente, do esterno às virilhas; o abdómen não deve ser muito largo em relação à corpulência do animal, ligando-se harmoniosamente com as regiões vizinhas.
Cauda: Média inserção; inteira; comprida; grossa; porte abaixo da horizontal, em forma de cimitarra, formando gancho na extremidade. Em repouso cai naturalmente entre as coxas, chegando pelo menos a tocar o jarrete; quando o cão está atento e em ação, a cauda ultrapassa a horizontal, encurvando-se para cima e para diante, para o lado e para baixo, sem ser levada sobre a garupa. Deve ser bem guarnecida de pêlos, sendo franjada na variedade de pêlo comprido.
Membros :
- Membros anteriores: Bem aprumados com ossatura forte, e articulações espessas, angulações medianamente abertas, andamentos fáceis.
- Antebraços: Direitos, paralelos, compridos, com forte ossatura duma forma quase cilíndrica.
- Mãos: Bem proporcionadas, nem muito redondas, nem muito longas, entre pés de gato e pés de lebre (nunca espalmadas); os dedos são grossos providos de pêlos abundantes nos espaços interdigitais e entre as almofadas; as unhas são escuras, preferencialmente pretas, bem desenvolvidas; as almofadas são espessas e duras.
- Membros posteriores: Aprumados, ossatura forte com articulações espessas, angulações medianamente abertas, movimentos fáceis.
- Jarrete: Pouco descido, angulação medianamente aberta. O jarrete nem é virado para dentro nem para fora.
- Metatarso: Vertical, quase cilíndrico. Presença possível de presunhos simples ou duplos.
- Pés: Idênticos às mãos.
Pelagem:
Pêlo: Forte, muito abundante, ligeiramente grosseiro, sem demasiada aspereza, fazendo lembrar o pêlo de cabra.
O subpêlo é constituído por pêlos finos, curtos, abundantes e emaranhados, normalmente mais claros que a pelagem.
Variedade de pêlo comprido: Pêlo liso ou ligeiramente ondulado de comprimento desigual em certas regiões do corpo. Nos membros, abaixo dos cotovelos e dos jarretes, é mais curto e denso, assim como na cabeça; nas orelhas, o pêlo diminui de comprimento da base à sua extremidade, tornando-se mais fino e macio. É mais comprido na cauda, que é farta, espessa e franjada, em volta do pescoço, nas nádegas que são abundantemente franjadas, bem como na face posterior dos antebraços.
Variedade de pêlo curto: Pêlo liso, de comprimento igual em todo o corpo, ligeiramente mais curto na cabeça e membros, sem franjas.
Cor: São admitidas e consideradas típicas as seguintes cores:
- Unicolores: amarelo, fulvo e cinza em todas as suas tonalidades.
- Lobeiros: tonalidades de fulvo, amarelo e cinzento, muitas vezes em tons pálidos e escuros
- Tigrados: fulvo, amarelo e cinza, cor de carvão.
Na região craniofacial é típica a máscara de cor negra. As marcas brancas são admitidas apenas nas extremidades das mãos e pés bem como numa zona muito limitada da base do pescoço e peitoral.
Altura e peso:
Altura ao garrote
- Machos: 65-73 cm
- Fêmeas: 62-69 cm
- Tolerância: + 2cm
Peso
- Machos: 45-60 kg
- Fêmeas: 35-45 kg
Defeitos
Qualquer desvio em relação ao estalão deve ser considerado como defeito e penalizado de acordo com a sua gravidade e das suas consequências na saúde e bem-estar do cão.
- Aspeto: Mau aspeto geral, magro ou obeso.
- Tamanho: Fora dos limites estabelecidos pelo estalão, mas dentro de uma tolerância de 2 centímetros no limite superior.
- Cabeça: Estreita, comprida e pontiaguda.
- Olhos: De cor pálida.
- Orelhas: Má inserção, muito grandes, carnudas ou redondas. Placadas.
- Cauda: Levada sobre o dorso. Ausência de gancho.
- Pelagem: Ausência de máscara escura.
Defeitos graves
- Comportamento: Exemplares evidenciando sinais de instabilidade e de timidez.
- Trufa: Narinas de cor pálida; trufa parcialmente despigmentada.
- Orelhas: Cortadas.
- Cauda: Encurtada ou rudimentar.
- Pelagem: Ligeiramente diferente da acima descrita.
- Altura:
Machos: abaixo de 65 cm ou acima de 75 cm
Fêmeas: abaixo de 62 cm ou acima de 71 cm
Defeitos eliminatórios (desqualificações)
- Comportamento: Cão agressivo ou medroso.
- Tipo: Atípico.
- Cabeça: Muito estreita, muito comprida e muito pontiaguda, ausência total do tipo molossóide.
- Maxilas: Prognatismo superior e inferior.
- Olhos: Esbranquiçados ou de tamanho desigual.
- Cauda: Anuros.
- Pelagem: Completamente atípica.
- Cor: Toda a cor afastada das descritas no estalão. Albinismo.
Todo o cão que apresentar de forma evidente anomalias de ordem física ou comportamental será desqualificado.
Nota: Os machos devem apresentar dois testículos, de especto normal, bem descidos no escroto
SITES SOBRE A RAÇA
http://www.apcse.com.pt/
http://www.caoserradaestrela.com/