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O bovino Maronês é explorado num sistema complexo que tem por base, um intrincado conjunto de fatores agroecológicos; no meio, uma organização económica desajustada do modelo de economia de mercado; e no topo, um modelo de gestão com objetivos indefinidamente hierarquizados.

Contudo, é possível, ainda que, eventualmente com erros de sistematização apresentar alguns pontos caracterizadores deste mesmo sistema. Assim, a dependência do animal das condições ambientais, isto é, das produções agrícolas que lhe servem de alimento, da estrutura fundiária minifundista e atomizada, da fisiografia e relevo declivoso, dos regimes mistos de propriedade, da heterogeneidade de aptidão do solo e da irregularidade climática, levaram à semi-estabulação e a um regime alimentar, também de forma mista, com domínio do pastoreio, no caso dos animais adultos, e à estabulação permanente com o consequente regime alimentar à manjedoura, para os animais jovens.

Assim, no caso dos animais adultos, o regime alimentar durante ano distribui-se da seguinte forma:

  • De Outubro a Fevereiro: período de menor incidência do pastoreio devido às adversas condições climáticas. O regime alimentar assenta nos fenos e palhas de centeio e milho, distribuídos no estábulo, quantidades variáveis de ervas cortadas nos lameiros, e por vezes, ainda que em pequenas quantidades, grãos de cereal e batatas. O pastoreio circunscreve-se às zonas mais próximas da aldeia, tanto no baldio como nas bouças e lameiros privados;
  • De Março a Junho: período de maiores disponibilidades alimentares, predominando as ervas e ferrãs de centeio durante o mês de Março e princípios de Abril, e as ervas e arbustivas das bouças e do baldio logo que o gado é “levantado” dos lameiros para que estes produzam o feno, a cortar nos fins de Julho a princípios de Agosto. O feno, neste período, é substituído, em grande parte, pelas palhas – mistura de palha de centeio, cortada em segmentos de 10 em 15 cm com erva (ferrã) de centeio ou cevada;
  • De Julho a Setembro: neste período, o pastoreio domina o regime alimentar. Nas comunidades possuidoras de baldios, os animais saem para os pastos de madrugada, permanecendo aí durante todo o dia e, nalguns casos, até aí pernoitando. Quando o baldio não existe ou nele rareiam os pastos, o pastoreio faz-se nas propriedades privadas, lameiros, bouças ou "tapadas", no monte, durante os períodos do dia de maior calor, passando a "sesta" nas cortes.

Para os animais jovens o regime alimentar é feito exclusivamente de leite, num regime de mamadas gradualmente decrescente, do nascimento até aos dois/três meses de idade. Após os dois/três meses, ou mais tardiamente, conforme as zonas (como é o caso das mais montanhosas) ou o estado de desenvolvimento dos vitelos (os menos desenvolvidos mamam assiduamente até mais tarde), as crias são afastadas das mães para outra corte; ou, caso haja falta destas, são separadas em compartimentos diferentes, onde permanecem no intervalo das mamadas, normalmente ocorridas de manhã antes das mães saírem para o pasto, e ao fim da tarde, no regresso. No intervalo das mamadas, os jovens têm à disposição: feno, farinha de milho, simples ou misturada com batatas partidas e alguma erva tenra.

A venda dos vitelos é efetuada por volta dos sete/oito meses, sendo normalmente nessa altura que o vitelo é desmamado. A procura de carne de vitela “mamota” impõe práticas de desmame tardio.

O mercado dos animais adultos é um mercado dinâmico havendo uma elevada mobilidade de animais entre explorações.

A reprodução faz-se, maioritariamente, por cobrição natural, com machos existentes em postos de cobrição particulares a onde se deslocam as vacas. Na última década, tem havido uma utilização crescente da inseminação artificial fundamentalmente nos efetivos de menor dimensão. 

Os partos distribuem-se ao longo de todo o ano, embora com alguma irregularidade mensal como pode observar na figura seguinte.

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